Com que sentimento damos nome à nossas sombras,
Se dela queremos estrair passados lonjevos
E corriqueiras emanações das pedras que engolimos,
Engolimos sim, uma, duas, incontáveis vezes?
Como queremos denotar aparições e obscurandades,
E somos pegos de botija nos nossos atos,
Se somos também sombrios, ermos, turvos de toda sorte
Se somos apardados com verborragias criativas?
Por quê? Nós nos acreditamos de facto ruins?
Malévolos? Sórdidos? Despresíveis?
Será mesmo?...
Ou será que nos fazemos vítima dessas minutas todas?
Nas interpolações massivas da mente,
Na graça do pulular intempestivo de sortes,
Na ágida sorte de todos os desfechos
No macabro que mais parece um continuo métrico e rente
Mas nas assombrosas rememorações de hoje mesmo,
Estão guardadas as percepções mais honestas
As mais sintéticas percepções...
As obsolentes percepções de que não nos julgamos mal
Mas sim, falsamente
Tanta prosopopéia para dar um veredicto retórico
Juntas e mais assembléias de argumentos
Oratória atrás e depois de mais oratória
E uma alma escondida permanece como se encontra
Permanece a alma escondida
Não por timidez, mas por preguiça
Por segurança
Por falta de verdade assumida
Por falta de coragem
Permanece a alma assumida
Ela mesmo se agarra ao solo
Ao plantio de mentiras
E provocações e ironias orgulhosas
Permanece a alma e se enrosca
E aplaneia suas costas
Sobre o gelado da ofuscação
Do empoeiramento dos seus dias
Duro é dizer o contrário
É confessar todas as verdades
É ver e não baixar o rosto às potências
Próprias potências, potenciais
Calos e tornozelos
Os joelhos do espírito
Os requebrados incompletos
As beiradas...
Essas peças dão muita tremedeira em dizer...
Dá muita coisa junto, toda vinda...
Essas peças, elas não sorriem
Não dão pras nossas vontades com facileza
Essas peças da alma que doem
Essas partes, elas calam
Calam nossas vozes quando no dizer,
No dizer verdadeiro, dizer para fora
Esses arremendos de espírito nos cabresteiam
Nos pudoram
Nos fecham
Nos criptam...
Dá muita história lorotenta falar de falas dessas...
Mas dá pouca prosa falar o mais certo delas
Tem que lamear muito nas terras e nas águas barrentas
Para poder formar poço e guidaste
De modo a dar em arranco as partes da calada verdade
De modo a subir com elas para onde quer que seja
Tem que ter víceras nas vestes
Miudos de força para puxar água acima
No poço da verdadeira derradeira
Na verdade pura, fina, assaz
É essa a coisa que nos dá a expressão.
As expressões de tudo isto
É essa a coisa
Essa...
Então, meus leitores,
Venham de onde vierem
Voltem-se alguns dias da semana
Talvez do mês...
Talvez do ano,
Mas voltem-se a estas partes,
Pouco irrigadas da mente e do ar
Estes pequenos pulmões de vidro
Voltem a estas dificuldades,
Se as tem...
Porque caso não assim se faça então,
É caso este, caso seja...
Bom, então o mistério estará resolvido demais para os homens.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
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