quinta-feira, 19 de maio de 2011

Vamos retomar

Onde paramos mesmo?
Não me lembro mais
Faz tanto tempo
Tanta coisa
Tanto isso
Tanto aquilo
Tanto faz...

Eu bem que continuei vivo mesmo
Pois bem, recomeçar
Hum... ok. Mas de onde?
Ora, de onde paramos!
- o difícil é dizer realmente aonde foi que esse ponto se deu.

Na verdade, ledo engano imaginar que recomeçamos de onde paramos.
Onde paramos não existe mais.
Se parou, foi parado, já era meu!
A coisa parou e o mundo andou!
E eu? Andei ou parei?

Tá bom. Vamos esclarecer isso primeiro.

Eu andei, confesso.

Mas algo em mim continua lá.
Lá onde eu deixei e nem mesmo consigo mais encontrar.
Lá, onde estão todas as coisas deixadas.
Tenho posses por lá.
Posses que, se pensar bem, não mais me pertencem.

Pois então, me diz eu mesmo a mim (e a ninguém mais): o que reivindicas?
Qual a razão do seu protesto?

Os motivos, meu caro e tirano protótipo de certeza, são as sensações de descontinuidade.
São os ventos que ainda assopram depois de passados os invernos.
E a água? Não fez limpar as crostas de tempos atrás?
A água limpa, mas também congela.
E eu fico aqui pensando: por que mesmo tudo isso?

Essas voltinhas são foda mesmo.

Deixe-me colocar as coisas dessa maneira:
Recomeçar não é retornar, meu chapa.
Há nesse título um equívoco.
Mudá-lo? Não, creio que não. Não quero repreender o equívoco.
Nem o equivocado.
Apenas esclareço, para todos os efeitos, que o recomeço é um momento antigo
Um dia lembrado que nos dá bases para retrabalhar as palavras.
Afinal, ninguém aprendeu a falar ontem. Muito menos hoje.

Então, tenhamos mais respeito às coisas antigas.

E com elas, impreterivelmente, o novo precisa se reconciliar.