quarta-feira, 25 de junho de 2008

Arremeço de Letras

Somos, por assim dizer, um grande ensaio,
uma grande apoteose de nossas colocações.
Somos, todos nós, formando um grandíssimo coro,
uma grande besta incapaz de ver ao ato de nossas ações a gravidade e a repercussão completa delas mesmas.
Somos a frieza da ignorância plácida,
conformada em continuar seu repertório manjado e mastigado de fadigas e contorções periféricas à essência de suas dores.
Não se pergunta com hombridade porque estamos a doer.
Não se arrisca uma resposta autêntica.
Apenas damos alguns diagnósticos sabidamente inóquos,
com o pretexto de acalmar nossas anciedades.
Se somos tudo isso mesmo que dizemos,
que confirmamos sempre que ameaçados por verdade-outrem,
então por que não provar de tudo isso?
Por que tanta etiqueta?
Qual a grande consequencia tenebrosa que pode nos acometer se agirmos de modo contrário, segundo o outro jeito,
o jeito diferente,
qual a grande ameaça?
Se somos incapazes de pré-dizer exatamente o que é esta coisa não nefasta e atormentadora, então não devemos dar a condenar estas outras possibilidades.
Somos forçados a uma ética de mentirinhas caso permanecermos com a tal prudencia patriciana da fidalguia despojada.
Somos dados a uma farsa universal.
Bom, se é essa a bestialidade insurreta, então deixe brindar quem queira; eu não quero.

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