Eis aqui meu cômodo sorrido
A tudo que hoje me aporrinha
Olfato...
Nada nunca me encontrava
Que pensar? Que, afinal, me vinha?
Repetidas palavras não lavam a alma
Café velho é como água morna
Ninguém toma
É fugaz e arredio
Como os dias que fogem do tempo
Cujas linhas não podemos abotoar
O som das belezas é que deve ficar
Com sua calma e gostosa melodia
Em noite fria, sem camisa
Só de brisa se viveria
Não fossem os calos, não fossem as foices
Baladas se reproduziriam ao chão
Destrezas do corpo e da mente
Descrentes os dogmas sucumbiriam
Dançando nus no porão
Hoje sorrio, pois a hora é finita
Amanhã ou depois ainda é feito
E eu não sei o que será ou o que se pretende
Com isso, eu fico sem jeito, talvez
Mas alcanço uma alegria ou três
Porque quem vive morto está, sem dúvida, parado
O mover leva o dom para outra direção
Fazendo e fazendo mais com as asas
O sopro é quente no pescoço do trabalho
A vida é alho na sopa de quem bebe
Atrevido a ter para si um mundo maior
Lembrando Belchior, com sua vadiagem
Que ensino poetas o beabá
Amor e doçura, com uma pitada de sal, fervem!
Tolo quem não experimentar
Pois tudo isso é só começo
Nunca se conhece o fim
Porque se conheceria? O que será que temos em comum?
A fantasia de viver eternamente
Não é nada sem o gosto do "para sempre"
Ninguém suportaria a eterna indecisão do mundo
Ter o acaso como amigo é ruim, então como companheiro...
Mas há que se reconhecer sua valia
Poucos são capaz de roubar com tanta elegância
A vida que segue é a que se apresenta
Como um ator desconhecido, ela causa estranheza
Seus passos são desengonçados
Seus pernas magras, seu jeito é torto
E não gostamos
Mas ela encanta
Com a mão, ela traz
Com a voz, ela pede
Com o olhar, ela manda
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
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