terça-feira, 8 de junho de 2010

Grata Lembrança

Meu grande amigo
Perdoe-me se me revelo ausente
Nos momentos em que mais se quer um amigo
E o transladar dos humanos torna difícil encontrar um
Perdoe-me, grande amigo
Por ter faltado às tarde de domingo
Aos jogos de dominó e às noite de boemia
Sinto-lhe dizer que, para essas coisas, perdi a maestria.

Receba, com estima de um singelo conforto
Esse recado amado, com votos de reconsolação
Se há tempos estou afastado, não queria inferir disso
Uma falsa ingratidão.

Um lapso e mesmo uma desplicência,
Quanto a isso eu deixo passar
Pois bem sei que dessas obrigações
Não é possível sair sem pagar
Não se pode ludibriar, nem ser omisso.

Se hoje então fico a ver navios
É porque causei os meus próprios momentos frios
Ainda que me lembre e saiba, sim, me acalourar...

Meu amigo, grande amigo
Não leve a mal meus infortunos descuidados
Sinto-me ao teu lado, mesmo cego às tuas necessidades,
Quando estiver longe, distante
Saiba que penso sempre de modo mais perto
Que estou mais próximo que as nuvens avizinham
E sou o abraço que hoje outros braços vão te dar.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

RATIFICAÇÃO

Um caminho se abriu
Alargou-se entre vielas
Com suas demarcações esguias
Com passos não-marcados
Sentiu a tonalidade áurea repousar sobre as folhas

A prática da paciência
Uma virtude e uma vertigem
Voto sob o desconhecido
Confiança
Paixão e entrega
Um caminho inóquo

Estar, estado
Recolher passagens frias
Nesse outono que recebo
Pela fresta da minha janela
Um sol estelar, asteróide
Direciona calor e consolo
E gira rotas de misterioso centro

Um caminho aberto
Que nunca esteve fechado

Longa espera, curta chegada
À luz constante e perpétua
Cometas cambaliantes
Cedros
Pinheiros
Árvores que alcançam o topo do céu
Escadas

Chegar é mais simples do que ir