quarta-feira, 28 de maio de 2008

Turbulências para um Adormecer

Pego o mote do machado de penas
Balanço e revôo um momento no ar
Um tempo de fazer, de fato
Uma sombra tênue e graciosa
Do poder do passado possível
Querer ir mais, a sina explica
Revoado de neve do mais quente dos trópicos
Luto por erguer a obra não vista
E ver a tacada final do desfecho
Em dois segundos cabe o arremate

Sérias preocupações rodeiam esta pedra
Minério duro, incapaz de pensar
O ato que fala, que redime
Por vezes é tão fraco, não é o bastante
Enquanto o sul mostra a linha do incompleto
As árvores secas confirmam madeira, suco, resina e sebo
É a pegajosa mania de olhar mais pro alto
De intentar em crise de fazer
E o ato passa à nossa frente, alterado

Parece que sempre há uma volta para os que se calam
Há uma segunda vez
Quase tão igual à primeira, faltando pouca coisa
Mas é segunda, primeira já foi
E o cabo outra vez oferecido
A mesma fraqueza, a mesma espera
Porém, o olhar é outro
É ousado, é cobiço
É saciabilidade longa e magnética
É um apreço de tempos
Tempos de volta, de fazer, de fato

É tempo de "aí está!"
Tempo de observação
De envolvimento, por fraco que seja
É pena e pluma no ar
E o fazer mais do trabalho feito
E o dia se pondo às seis da manhã
É noite mais uma vez
Som, sério e sagrado
É frio mais uma vez
É mais uma vez, feito, fato

É tempo de machado, de corte, de dor
É, por muito pouco, tempo de morte
Mas ainda não acabou
É a pecha do ouvir, não dá pra esquivar dela
É o som-outro que impede as palavras de sair
É a interrupção, seja do barulho ou do silêncio
É o outro contrariando as expectativas
O castigo, o segundo o despoder, do desautorizado
É a fala mais verdadeira, a que subsiste
É o vinho seco sem aroma

Frente a este despreparo, é esperado que se ria
Mas sem que isto seja produto interno
E como em um "zás" e "tcharam!" a gente ri
Depois chora e se mata por dentro
E aquela luz de certeza fica tão apagada
Que quase fica inperceptível, fica só pra nós
Cai nova, ingênua e frustrada
Criança demais num mundo de homens grandes
Sem lugar para este tipo de filósofo

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