Dentro de uma natureza onde está o inédito
Tempo, força de jogo que emana do fio
De linha, vento e sopro de calor e frio
No sempre raso, lento e destinado compasso
Deste quadro de descompassadas incertezas
E angustiantes previsões nubladas e esguias
Cabe um drama amargo e irrisório nomeado desafio
Com tintas e pincéis de tons amarelados, de medo e de arrepio
Salvo o julgo de maior juízo
Todos as demais intempéries dão noção difusa e frágil
Momentos de dúvida e exploração imatura
Com avisos internos de resistência e arrependimento
Pois é neste painel que o fio de linha
Aquele vento e sopro, leva longe e sem destino
Sem pressa ou horário, a natureza referida
E o instante a ela envidada
Este belo fio que sobe e desce no acolchoado
Que se trança e se baila pelos fios demais
E retorna à agulha orientadora
Este fio é o rompimento do estável
Este nosso fio, um fio de ar e respiração
Pulmão do nosso querer e aspirar
É desenho de leve grafite
De leve diferença e demarcação
Esta tal mudança, tão imperceptível ao olho nu
Foi que fez nossa natureza andar
E rumar ventos e sopros mais acalorados
Foi que fez um sol da fria estátua de nós mesmos
Este linhar do nosso fio
Seu singelo e discreto oferecimento
Entrou para a história como atrevido
Anti-ético e ilegal
Imoral, foi o apelido que deram
Ao nosso fio de linha pacato e comedido
Mas, não obstante, lá está o nosso fio
Cá estão as naturezas resultantes de sua ousadia
Solto e santo e um pouco faceiro
Fez do entrave um enredo atemporal
O fio fiou seu tempo e pintou sua obra
Enquadrou e embelezou o que lhe opunha
Então, pois, o nosso fio
Naturalizou e arremessou os tic-tacs do tempo
E atrasou o compasso alarmante
Deu mais tempo do que queriam
O nosso fio trouxe cadência a nós mesmos
E convenceu seus desertores
Recomeçou as coisas da onde voavam
E ancorou sua pipa na terra fria.
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