Você conhece o samba dos caracóis,
Compassado em sua lerdeza ?
Simples e amplos espaços de rastejar,
Descascar e puxar um ritmo cru...
O samba dos caracóis é andado.
É inabitado e cascudo lamento.
Os caracóis sambam nas manhãs primaveris.
E arrastam os tropeços de uma métrica inibida...
Os caracóis sambam seu andar desinteressado
Na relva e folha molhada
Se alguém os houve, não dá nada
Se ninguém escuta, tanto faz
O andor do samba, seu trazer e seu transpor,
Emudecem os caracóis, os faz surdos.
Os embrulha e descaminha para uma casca mais oca.
Um casulo de cuíca e compasso e tocata
O transparecer caracol faz serenata,
De vai e vai e nunca chega nada.
Vai beirando, beirando estrada
E floresce no asfalto quente fervedor.
O desconhecer do caracol traz samba e cor,
Cais, porto, corrida e chegada
Sorriso e queixa da cascuda amada
Que de tanto esperar, se escondeu.
E silenciou na conhecida dor.
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