Em toda puberdade há um pouco de desvelo
Um tanto de pachorra e santidade revestida de brios
Noites e lares escondidos nas falas
De mentes e vestidos e silhuetas e anis
Faz peça, teatro, dos golpes do corpo
Jorrada de mel sobre os lábios do afeito
Imaginação e esperança de um acabo
E fim de história em um acabamento
Não é de se entregar tão fácil ao sexo
Ou ao deleite do outro ficando estátua
Pobres lembranças e autos e lentos...
Novilha rememoração de sangue e mácula
Há, em toda juventude, um quanto de zelo
Um zelo por uma liberdade desconhecida
Um carinho tão grande pela transgressão abrupta
Reverência pagã de um sagrado de botiquim.
Um imediato, um estalo...
Hóstias revestidas de batom e perfume
Pecado virando leito e boca virando carne
E dentro virando fora de brisa e arrebato
Não é se vivo ou se mato, mas se morro e me ingrato
Tal peixe em rio acurvalado, tal pouca luz de vagalume
Caio do bolso, o torso de um lenço
Enquanto isso, eu penso
Muitas bebidas e gelo e alecrim
É noite de boa e embriaga lucidez
Que noite esta será de mim?
Se baro num bar a noite, se pingo na pinga velha
Se corro e sonho amélia, se acordo e sorrio Inês...
Como pode ser outra vez?
Anunciamento ou descompaixão...
Soltura de amor e amada,
Campo livre, aberto, contido...
Como pode descrever a estrada,
Dos dias de tempestuosa margem e rio,
De novos momentos de lenço e lençol
Galope, fogo, arrepio!
De deixe, e deixo, e deixo hiato...
Em câimbra e peca-peca
Em cambalo do cambaliamento
Escravo e capacho
Corpo e chão, pisão
Rebento
Menino
Grossura
Cado e passo adentro
É um moinho de voltas ao passado
Mirando e espreitando um futuro.
É juventude e largadez fortuita.
Acaso, coincidência e pés,
Dependência, estrago.
Dou por findado meu revés...
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