segunda-feira, 1 de junho de 2009

Despertar Noturno

Você me seduz.
Com cada momento único que você me reserva
Você me seduz.

Com os seus olhos, um sorriso,
Uma mecha de cabelo,
Você me seduz.

Com o seu polegar, o seu indicador,
Com braços e mãos inteiras,
Com ombros e cotovelos,
Você me seduz.

Com o seu coração,
Fendas abertas de novas etapas,
Traços do mágico e do inaudito,
Bocejo do embalo rítmico com que ele bate.

Você me seduz com a sua barriga,
E o arrepio que ela transpassa.
Você me seduz com sua blusa
E o que ela guarda...

Com sua silhueta e sua intervenção.
Você me seduz parada, solta e em movimento.
Você me seduz como árvore, num ponto próprio e inadequado...

Você me seduz com um beijo,
E nesse beijo eu adentro um mundo desconhecido,
Onde o perigo é apenas um nome passageiro,
E o inesperado está muito além do susto e do medo,
Está no horizonte da surpresa, no domínio do inacabado...

Nesse beijo eu desço suas pernas e as mantas finas que as encobrem.
Desço até os porões do seu corpo,
Onde o sol brilha mais escondido, porém intenso e seguro,
Onde posso sentir a pulsão de sua pele aquecida desde dentro...
Onde beijo seu lado-fogo, numa mornez de carícia e acolhimento,
Entre suas coxas me apresento, dou “bom dia”.

Dessa música que soa em nossas cabeças,
Antes, durante e depois de acharmos haver tudo se acabado,
Eu toco, novamente, o violão do seu corpo,
A redondez do seu umbigo,
A obra-prima do seu sussurro,
A tonalidade do seu gemido,
A testa que franze num relâmpago de excitação.
Ao terminar, deixo um instante aí dentro...
Lavado nas ondas do cheiro que liberamos,
No perfume que ronda nossos toques mais sutis,
Mescla de atrito e de fluência,
Falas secretas e inexplicadas.

Você me seduz com suas fadas,
Com os doces e os delírios que nos alcançam,
Você me seduz nos atos, nos fatos, e no que não foi.
Castanha sensação de recolher-se novamente,
Novo, solto e em suave prontidão.

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