segunda-feira, 15 de junho de 2009

Carpiu Fome de Jogo

Senti um quase-frio subir-me pela espinha...
Seria um advento oportuno?
Ou mais uma trapaça do destino?

Enquanto minhas advinhações dormiam,
Eu vi um gato preto pular por minha janela
Seu olhar era atento, me fitava como quem já me conhecesse.

Suas sobrancelhas pareciam estender o negro dos seus olhos
Olhando com um olhar de quem olha.
Olha o fogo da presença cintilante e nostalgiza...
Olha como quem quer e como quem pode
Olha fundo com a dureza rude, de que pode ser a chave do nosso encontro.

Um contorno dos seus olhos me espreitou uma morada
Uma casa nova, um novo abrigo
Com cedros e alicerces simultâneos
Novamente uma jornada para o oculto

Dormiam os meus sonhos e roncavam as minhas palavras...

Nada pude fazer para impedir o meu deslize
Deslizei por montes olímpicos e caí em novo retorno
Voltei a subir e escorreguei pela neve que, enfim, esfriava

O gato negro novamente me olhava

Senti seu perfume black alvorecer o ambiente
Blue, purple, neanderthal...
Gostei um tanto que sorri alegre
Era o gosto do amargo que, enfim, desceu estomacado.

Eu engoli um gato negro; que congestão.

Servi a sopa que dormia morna na minha varanda
Em tigelas douradas com pingos amarelos
Um yellow submarine presencialmente oportuno
Aquilo que os especialistas chamariam de delírio
E os entendidos, de piração.

Enquanto eu bebericava o gostinho da minha sopa quente
Enquanto ela ainda estava doida o bastante
Dormi ao ombro de um gato negro sorridente
Porque o oculto já tinha ficado sem graça
E o olhar só servia sopa aos domingos
E eu, meu amigos, trabalho na segunda-feira.

Porque daí não tem muita nostalgia nem piraçãozinha de meia tigela.
Daí o jogo fica bruto mesmo
È olho por olho, dente por dente, gato por gato, sopa por sopa...

Palavra por palavra, daquelas bem adormecidas...
Igual com aqueles pães que adormecem até o dia seguinte
E depois dormem mais ainda em nossas barrigas
Até dormirem eternamente em nossos sonhos.

Aquela sensação, um quase-frio que assume o lugar de destaque
Um quase-frio rebelde, querendo ser calor por tudo que o custe.
É esse negócio que mais me apetece

Mas um pouco de sanidade é, também, uma alternativa interessante.
A gente gasta menos com bobagem, sabe?
Então a poesia pode aposentar por alguns instantes
Que a loucura também precisa de férias, meu amigo.
E eu ando muito louco.

...!!

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