Sinto um barulho escondido no mundo
Barulho de facas e nozes e sopros ao pé do ouvido
Tratados de métrica reduzida
Com seus sapatos engraxados com a cera da vida
Sinto as tábuas rangendo por debaixo de seus pés.
Recordo-me da fadiga que antes experimentara
E de como era bom estar lá embaixo
Debaixo dos meus pudores
Sentindo o sapato amaciar-me os calos
E depois de massagear os meus defeitos até à noite
De amantegar as curvas para passar minha mãos por cima
Tive a sensação de já estar delirando de mágoas
Com as facas tocando uma valsa clara e fina
Pois o leito onde eu dormia cabe para mais de mil
E vários homens e mulheres ausentaram-lhe seu convívio
Na casa dos meus pais, dos meus patronos
Onde não se podia falar de silêncio, que o barulho de ouvia.
Fragrância de mel dos olhos riscados
Um traço tão sutil, represando a mão do artista
É noite e a aurora, a tampa do piso que tinha se abrido
Um cheiro de recordação e surpresa, cheiro de um tom calado
Partiram para então à busca deste passado...
O frio que recobre dos os homens.
Nele buscavam suas estórias, seus lamentos
Nele buscavam o tormento que fora ferido
De ontem para hoje, enviaram um recado:
"O som desperta às nove horas!"
Calam-se todas as bocas! O som em vós desperta!
Um arrepio que toma conta de nossas mentes
Sai do fundo dos cérebros notáveis...
Evacuando as áreas mais inóspitas
Vendendo o perfume da lembrança e do apego
Os sapatos já gastos de tanto lustrar egos e fados
Cantorias que ecoamo atrás dos ventos e dos cobres
Uma fábula de gansos e patos, leões e libélulas doces
E toda uma confusões, uma paranóia, uma loucura, um assédio!
"O som desperta às nove horas!"; "O som desperta às nove horas!"
Êia! Vito! Rodopeio rodopeio! Salta antes que é tarde! Tarde...
Calmaria das lebres que voltaram na primavera...
Voltaram para trazer um sentido e um olfato
Um trazer e por mais atranquilado, mais nestorino...
Um saltar menos desesperado
Olhar o passado é apenas um filme que ontem se foi...
Deixando o script ainda borrado pela pressa que as coisas foram
E tendo um ar de naftalina que impregnou em nossas roupas
Olhar tamboso... olhar horizontino... olhar matuto
Beirão de estrada
Zumbido
Roça e carro
Boi e fogão
Olhar de forno, de despedida de sempre e de volta
Olhar de estrada adistanciada.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
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