segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Encontro Inesperado


Sinto presumir a nudez de uma mulher.

Respiro o cheiro que se esvai nas lidas e jogos das damas
Seu toque feminino no semblante de lábios recheados
Envoltos em carnes e sangue, vermelho sutileza

Tortas envergaduras que soletram a sua silhueta
Com um corpo que expõe sua força como uma pilastra
Alicerces que erguem o seu encanto
Fascinam e gemem nossas feridas

Penetro nos sonhos onde antes elas residem
Como é sempre que deve ser, domino.
Me sinto em casa
E moro, e vivo

Se não posso ir aos locais mais ocultos de sua alma
De algum modo atinjo suas representações
Atinjo suas figuras, seus óculos, vestidos, martelos
Pego ela aonde ela se acha mais fortalecida

É neste local que ela caem, aos risos.

De que vale a derrota se ela não tiver graça?
Elas riem, riem e tapam as bocas aos suspiros
Tapam suas carícias, suas passagens e intimidas
Tapam suas virtuosidades.

Nessa nudez as mulheres todas se escondem.

Amam jogar esse joguinho de cão e gato
De gato e sapato, retratos da vida e do encontro

E guardam os corações para as regras da entrega
Juntando suas espectativas e mistérios
Tudo aquilo que é verdadeiramente incompreendido
Sua nudez mais profunda

Afinal, quem é que entende a nudez mesmo?

Sempre a tapam, a escondem, a levam às últimas consequencias
Parece que com um prazer de tornar o belo grotesco
Para que, no fim, pareça se tudo aquele amontoado de coisas insignificadas
E sem sentido.

As muralhas do sonho são mais leves, deixam seus corpos mais soltos
Suas danças são mais finas, seus cumprimento, mais sensuais.

As vezes da voz que sussurrou contra toda nudez malfalada,
Despiu-se da vergonha e do tormento
Entregou-se, lucidamente, aos seus desejos
E abriu o caminho escondido do nosso hemisfério...

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