segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Confissões

Não é facil o sabor agridoce da chantagem...

Quando ele alcança nossas papilas gustativas
Salivamos um pouco mais por temeridade e culpa
Não aguentamos chegar sem rodeios ao todo do gosto
Que esse, garanto, destrói nossas multas.

Paga nossos preços e entrega as encomendas
Que sempre tivemos chance de escapar destas ciladas
Mas deixamos esses tropeços para um passo mais adiante
E, então, ele nos surpreende e tomba e ri e se deleita...

O sabor da chantagem, da mediocridade explícita
Os grandes tornam-se ridículos
Os magos, risíveis.
Bobos, os atores e palhaços, os cortejadores.

Este asco adocicado com mel, assumindo
Uma feição de mania e paranóia ambulante
Acoberta e esconde aquilo que traria a cura
A verdade encarada, dita e hombramente vivida

O abandono que eu escondo,
O choro que eu calo,
A mágoa e a dor que enquadro em um gracejo
Estas armas seriam minhas redentoras

Mas as sequentro do meu dia-a-dia
As levo para um mato bem fundo
Cavo uma cova para tê-las enterradas
E penso logo em jogar-me junto

Mas ainda tenho um espetáculo a causar
Tenho mudas de flores que os outros consideram vivas
Eu engano, ainda engano bem.
Falo de ontem como se planejasse o amanhã dos dias

Sei não onde guardo essas dores
No meu peito tem pulmões e outros órgãos, não cabe.
Na minha cabeça, Deus me livre!
No coração, é hora grande demais, demais pequeno.

Guardo, por hora, na minha poesia
Onde cabem minhas grosseiras confissões de mentiroso
Marchinhas de carnaval feitas de improviso, assim, no torto
E uma purpurina que perfuma o sabor do morto.

Escrevo, jamais falar.

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