Não é facil o sabor agridoce da chantagem...
Quando ele alcança nossas papilas gustativas
Salivamos um pouco mais por temeridade e culpa
Não aguentamos chegar sem rodeios ao todo do gosto
Que esse, garanto, destrói nossas multas.
Paga nossos preços e entrega as encomendas
Que sempre tivemos chance de escapar destas ciladas
Mas deixamos esses tropeços para um passo mais adiante
E, então, ele nos surpreende e tomba e ri e se deleita...
O sabor da chantagem, da mediocridade explícita
Os grandes tornam-se ridículos
Os magos, risíveis.
Bobos, os atores e palhaços, os cortejadores.
Este asco adocicado com mel, assumindo
Uma feição de mania e paranóia ambulante
Acoberta e esconde aquilo que traria a cura
A verdade encarada, dita e hombramente vivida
O abandono que eu escondo,
O choro que eu calo,
A mágoa e a dor que enquadro em um gracejo
Estas armas seriam minhas redentoras
Mas as sequentro do meu dia-a-dia
As levo para um mato bem fundo
Cavo uma cova para tê-las enterradas
E penso logo em jogar-me junto
Mas ainda tenho um espetáculo a causar
Tenho mudas de flores que os outros consideram vivas
Eu engano, ainda engano bem.
Falo de ontem como se planejasse o amanhã dos dias
Sei não onde guardo essas dores
No meu peito tem pulmões e outros órgãos, não cabe.
Na minha cabeça, Deus me livre!
No coração, é hora grande demais, demais pequeno.
Guardo, por hora, na minha poesia
Onde cabem minhas grosseiras confissões de mentiroso
Marchinhas de carnaval feitas de improviso, assim, no torto
E uma purpurina que perfuma o sabor do morto.
Escrevo, jamais falar.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
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