Meu passo é torto e comprometido
Não dou ouvido àquilo que nunca ouve
Troco a delonga por um pé de couve
Saio fino e ligeiro enquanto ainda aguenta o porteiro
Abrir de amigo o portão encardido
Saio certo, ainda que ferido
Guardo a louça que brilha com gosto
Para lustrar os versos de minha prosa
Trazer para o baile as meninas da minha roça
Querendar os vestidos com chita e bordado
Trago o afago do ventre amado
Em minha entranhas
Estranha a liturgia
Nunca vou longe se não conheço cabo
Cabe somente aos grande esta travessia
Aos pequenos cabe o torto
Indireitando caminhos por vielas e vias
Moço jovem, moço menino
Desatino ficou para poucos
Somente os grandes, somente os loucos
Fazem as estradas, as ousadias
Homem feito, em feitura
Em remexo e remeleixo de caldão
Em fermento que é pequeno
Cresce formoso e cresce pleno
Tira veneno e revira o chão
Fazes belas, ruas e vidas
Lanhei para ver as avenidas
No prazer das calçadas e dos cidadãos
Custou chegar a esta guarida
Agora que cheguei, não abro mão
Se velho parece o que hoje eu falo
É que mais tem-se de bengala do que de olheira
Quem pouco viu acha tudo muito antigo
Até a prosa dos amigos fica chata e corriqueira
Olhando bem a prosa, vendo bem o que foi achado
É tudo como se acontecesse tudo agorinha mesmo
Desse jeito. Não tem micharia nem despreso
Nem quantidade que mais importaria
Nem mínimo que só fosse o autorizado
Não tem garantia nem garantizado
Somente o velho que fala do novo como antigamente...
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
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