Reunindo milhões de bugigangas
Sinto-me empapuçado de quinquilharias
Fornecido com dezenas de notas frias
E sem ter onde as depositar
Vestido de homem dócil
Com terno e gravata, faceiro
Levo minha pasta no bagageiro
Das intenções de onde lavar
Porque fui ter com aquele forasteiro?
Aonde isso pode me levar?
A dúvida arrasa qualquer tentativa de golpe ligeiro
Uma vez que dá margem para se pensar
Pensando eu não me entrego por inteiro
Não ao menos para o que preveria demonstrar
Mesmo assim, dou conta da próxima conta
Arrumo um jeito de desfarçar
As pequenices de uma travessura rebende
A perversão que melhor seria aniquilar
A rude sensação de um dia inóquo
O mal-estar
Tudo o que me cincunda não é concurda como eu
Nada paga o que esse gosto me deu
Sério, douto, Couto da Silva
Dona Dailva bem me conhecia
Será que ela colocaria no nome da tia?
Preciso arranjar uma desculpa
Para perpetuar desapercebidamente minha culpa
Deixando de lado a sobriedade do julgamento
Como quem dispença no whisky o gelo
Melhor tê-lo quem se dispõe a rodopiar
Eu preferia ir direto ao ponto
Porém não ao meu; isso me deixa meio tonto
No meu caso preferiria descançar
Essa ideia de caça às bruxas
Estrúchula visão de justiceiro
Porque eu quis tomar o país inteiro?
Eu nem conheço meu quarteirão!
Quanto vale hoje em dia o pão?
Onde tem um cinzeiro?
Preciso de ar nefasto
As rosas me deixam sem cheiro
Depois eu vejo o que faço
Compro latão e vendo por aço
Algum estilhaço de alto valor
No mercado de quem tem amor
Ao outro e não a si próprio
Pois é um tanto impróprio
Importar-se com si mesmo
Ou com quem não tem importância
Que trantand0-se do povo
Em toda sua insignificância
E como voltar para o primeiro
Chame o porteiro!
Eu quero sair
Não vou mais ficar
Para me sujar?
Tô fora!
Tô Dora, tô Alice, tô Janice e todas elas
As belas que um dia deixei
As mulheres que enganei
Tudo o que cuspi de lado
Fecho esse recado
Olhando a rua pelo fim
Vê se esquece de mim mundo
Eu tô demais arruinado!
quinta-feira, 29 de março de 2012
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