Há muitos tempo a filosofia procura
Pôr em atividade solene todo o nosso enorme pensar
Pôr em quadros, livros, becas, fórmulas...
A nossa imperiosa disposição de dar novo cabo e semeamento
Ao nosso familiaresco pensar
Traz peças de um museu desconhecido
Empoeiradas citações de uma gradiloqüência deslocada
Traduz para o vernáculo "adequado" o simples falar dos homens
Formula uma roupa nova, freqüentemente apertada a início,
Para vestir novos tratados, decretos, perambúlios e considerações...
Até que há alguma forma de momento ou compêndio temporal cristalizado,
Onde o apertado começa, lentamente, confortavelmente, a afrouxar.
E os sapatos não mais apertam como antes
As meias perderam sua característica ambientação
E o salão parece estar calmo, de repente
O abraço já não acaloura nem encomoda ou constange como já fora...
Alguns chamam de maturidade
Ou conformismo cego
Ou mudança oportuna
Eu não sei como o nomear
Mas sei que traz consigo os sinais de tempos passados
Os sinais de que o tempo não fora indiferente
Ele infuiu, influenciou, mexeu, rearranjou, bagunçou um tanto as coisas
E as coisas que nós falamos já se mostram e se declaram como outro objeto
Outra apreenção, um novo olhar, um colo mais macio, mais apetitoso, mais tênue e manso
Outra situação...
Eu sei que é as bandejas precisam ser lavadas
E que pratos são receptáculos daquilos que iremos devorar
Nesse hall de consumismo da última ervilha antes que o preço dispare
Há mais coisas que são usadas do que as tintas de nossos pincéis
Se um desespero ameaça aparecer, dê-lhe uma aspirina...
Que a mudança não foi tão ultrajante,
Desautorizada,
Infame,
Louca,
Devassa,
Transloucada,
E tardia
Como em tempos
Em que o câmbio próprio, íntimo, alternativo
Não encontra oferta nem procura
E o mercado obstrui o direito à livre palavra
Todas as outra formas de voltar a deslocar seus olhos,
Apenas realçarão paisagens bonitas, em detrimento de
Deixar órfã a feiura.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
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