segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Autorização no Fundo da Vontade


Deixar a aparente leveza do sono
Pairando sobre as mentes, os milhares de pensamentos
Sintindo a alma em pulsação constante, ininterrupta
Aos olhos de si mesmo e às voltas com as idéias

O sono de um pensamento distante e inefável
Cristalizado em figuras, uma geometria estranha
Diversos passos e etapas, seguimentos
Para se chegar a um ponto final, uma suposta conclusão

Caminha, anda, corre
Os nossos dias que são de ouro
De uma assumida inquebrável validade
Uma vontade de acertas as contas com o momento

Esse adormecer de quando não se lembra
De um tempo sempre visto do passado
De um agora nunca agarrado, pego
Um tempo escapado e fugidio

Tal sono permanece nos nossos olhos
Marcando, revelando, descrevendo
Nossos atos, nossas impressões
Nossos desvios e efeitos imperceptíveis

Uma tundra, uma névoa, uma forte neblina
De emoções, de aparições, de lembranças e fatos
Desconexos, de algum modo muito coniformes
Coniventes, convencidos, testemunhados, silenciosos.

Tal sono dorme em nossas mentes no hoje e no agora
Dorme em nossos braços quando não se levantam e não se carregam
Dorme nas nossas pernas e nossas barrigas quando se deixam abater por fome e preguiça...
Dorme na nossa calma de desespero e inaptidão e não saber mais como nem por onde.

Nossa vida adormece em palavras que saltaram do trem em loucura e desrespeito
Um ultraje de que ainda não conseguimos nos desculpar
Ter força suficiente para assinar em baixo de todas as conseqüências
De todos os tribunais, todas as forças, todas as opressões mais sentidas e camufladas

Nosso sono é uma arma para a defesa de nossas falhas
Quando ainda não temos borracha suficientes para apagá-las da memória
Quando ainda não nos absolvemos da culpa, do dolo
Mesmo sendo verdade estarmos sob a égides de um juiz mais brando

A memória que temos do bando de imprecisões, de atraso e adiantamentos
De um descompasso de quem, evidentemente, não sabe dançar
E ainda insiste na dança da vida mesmo dando-lhe calos nos pés
Esta é nossa intransigência no seus mais belo motivo

Nossa alma que dorme mas que aprende no seu sono o valor do dia
Aprende no seu sono o valor das exigências, da ousadia
Do ir, fazer, ver depois no que resultou
Do acaso arrebatado e firmado em intensões e conseqüências

Nossa alma de palavras em volta e que dão várias voltas nos rodeios programados
Nosso litígio termina quando entendemos onde ele começa
Nossa dança se acerta, acerta o nosso passo,
Nossa música desperta e nosso canto sobressai

Esses dias caem belos, caem em sono mais contente
De ver que não é isto ou aquilo e repredendo sempre
É simplesmente um ser, um estar e fazer o feito e o cravo
Que nascendo das fantasias estão nossas potências mais íntimas e resguardadas
E nossa prática fica tão bonita quando, pra fora, não pedimos licença

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