domingo, 11 de dezembro de 2011

Prece dos Investigadores

Quando não via o próprio andar dos meus passos, Tu estavas
Nas horas vazias do meu sono diurno
Nas folgas de intrépido desconhecer
Tu acariciavas minhas dúvidas
Tu davas cor e tom às bélicas inquietações

Agora, em paz, como adorar-te, Senhor?
Como professar a boa nova, agora que tudo se fez calmo?
É preciso mais do que flores para manter um jardim vivo
Sou eu, nesse momento, quem recorda o passado

Não sei se posso dizer "creio"
Se tão logo concretizam-se minhas aspirações
Traio minha palavra na singularidade do seu significado
Como conciliar minha fé à fugidia vida que levo
Se, além de professar e além de crer, ajo, faço, provoco tantas modificações?

Por tudo isso rogo nesta noite a Ti, Senhor, não como crente.
Rogo como homem
Como mortal
Pois ainda que professe a vida eterna
É na vida que vivi onde reconheço quem eu sou

Se tenho mais anos pela frente
Um futuro que, ulteriormente, desconheço
"Amém"; "assim seja"
Não quero, entretanto, dar falsa promessa
Àquele que conhece minhas dúvidas melhor do que eu

Quero nesta noite Senhor
Ouvir, apenas, o som do silêncio
E me encolher na tumultuosa vida que destes
Aos intrépidos fiéis honestos o bastante
Para questionar os seus pecados

Quero ao meu lado, sempre, a força da mente que a mim conferiste
Para junto com a fé unir-me em sagrado matrimônio com minha graça oculta

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